Frontier vai sair de linha? Não!

Algumas vezes, para causar impacto ou chamar atenção, algumas reportagens ultrapassam o limite do bom-senso.

Nissan Frontier

Uma reportagem surgiu num destes “sites especializados” em automobilismo com clara tentativa de causar impacto no leitor, e atrair a sua atenção para a leitura do texto.
O título bem sugestivo diz: “Nissan Frontier e Terra poderão sair de linha em breve”
Claro que com um título desses é difícil não chamar a atenção.

Isso me lembra uma fake news publicada por esses especialistas e muito explorada pela concorrência, fanboys de outros modelos e haters da Frontier, quando lá no começo de 2021, criaram títulos enormes para reportagens dizendo que a Nissan poderia deixar o Brasil, baseados numa entrevista do seu ex-CEO Carlos Ghosn (foragido da Justiça), que afirmou na época que Nissan e Renault caminhavam para sair do Brasil, porque os “mais fracos” não tinham fôlego para continuar sobrevivendo aqui.
Mas, o que se viu foi o contrário com o fechamento das fábricas da Ford, que estava entre as maiores do Brasil na época. Essa fuga da Ford ninguém previu, apesar de eu mesmo já haver antecipado que isso estaria prestes a acontecer.
O tempo passou, e o que vimos não retratou essa previsão, pelo contrário, a Nissan cresceu e investiu mais no Brasil.

Mas, a reportagem tendenciosa que abordamos hoje foi mais além, e se baseou em absolutamente nada para afirmar que a Frontier poderia sair de linha em breve.
O texto faz referência a “rumores”, como ela mesma se refere à informação, de que o SUV Nissan Terra “sairia de linha em breve”.
Na sequência, o autor do artigo ainda acrescenta, por conta própria (não estava nos rumores), que “…a Frontier estaria com um “futuro nebuloso no mercado dos Estados Unidos”.

Já podemos ver que o título exagera e é apelativo, e o texto se refere na verdade a dois modelos que não são vendidos aqui. Isso mesmo, nenhum dos modelos citados é vendido no Brasil.
A Nissan Terra não é um modelo mundial, é feita para mercados bem específicos e não é exportada para o Brasil, e a Nissan Frontier vendida nos Estados Unidos só tem o mesmo nome da nossa conhecida Frontier que é vendida em todo o restante do mundo, mas trata-se na verdade de outra caminhonete, diferente em tudo da nossa e específica para o mercado americano.
Portanto, acalmem-se donos de Frontier, pois apesar do título apelativo, não há qualquer risco de nossa Frontier sair de linha. O autor da reportagem divaga sobre um modelo americano. Aliás, a nossa Frontier é montada hoje na Argentina, no México, na Tailândia, na China e na África, e é vendido para vários países do mundo, quase todos, diga-se, exceto o americano, onde só chega lá através de importadores independentes.

A reportagem brasileira em questão coloca como fonte de informação um artigo publicado num site das Filipinas, para ser mais preciso, este aqui: https://www.autoindustriya.com/auto-industry-news/on-the-chopping-block-nissan-terra-suv-discontinued-2027.html
Nesse artigo podemos ver que há uma “possibilidade” do Nissan terra ser descontinuado no mercado Filipino em 2027!!!
O artigo original levanta algumas possibilidades para uma eventual (e não confirmada) descontinuação da Nissan Terra, dentre elas, uma grande mudança em direção à eletrificação, outra talvez seja o foco em modelos crossover menores e mais leves, e talvez ainda a baixa demanda do modelo. Veja que o artigo brasileiro, apesar de se basear nessa reportagem, se limita a última possibilidade, tentando causar uma ideia de fracasso do modelo.
Agora, veja, não há nenhuma citação em relação à Frontier senão na última linha do artigo Filipino, onde o autor diz que há novidades sobre a nova Nissan Navara, como é chamada a Frontier naquele mercado, se referindo ao futuro modelo já em desenvolvimento. Aliás, a reportagem brasileira não comenta que a Frontier (Navara) é o modelo mais vendido naquele mercado e em outros, até bem distantes, como o México e Austrália, onde é a picape média preferida destes mercados.
Ou seja, o artigo que serviu de base para a divagação deste artigo nacional não cita em nenhum momento a nossa Nissan Frontier ou nenhuma outra qualquer, e o artigo nacional quando usa a palavra “Frontier” o faz em relação ao modelo americano.

Porque o Nissan Terra poderia sair de linha em 2027?
O artigo original deixa claro que o modelo foi desenvolvido para um mercado bem específico, e que seu reduzido número de vendas pode deixar de ser interessante diante de novos lançamentos de SUV que estão nos projetos da Nissan, inclusive um elétrico, e que se tornariam mais atraentes que o modelo atual. Uma adaptação ao mercado, somente.
Em contraste à isso, a Nissan Frontier, ou Navara, é muito bem vendida no mundo todo, e um dos modelos mais lucrativos da marca, e que vem recebendo constantes mudanças e melhorias contínuas, além de em breve vir a receber mais mudanças significativas com o lançamento de um novo modelo já divulgado por toda a imprensa. Além disso, a Frontier também leva o nome de Alaskan, quando fabricada para a Renault, e é a plataforma universal da nova L200 que está sendo lançada no mundo todo.

Veja alguns resultados de vendas da nova Nissan Frontier, lembrando que o período sofreu com a recessão econômica da pandemia:

Nos EUA (versão local):
2020: 36.845 unidades (fim do modelo antigo)
2021: 60.693
2022: 76.183

Nas Filipinas:
2020: 9.164 unidades
2021: 9.882
2022: 11.281

Na Argentina:
2020: 3.639 unidades
2021: 5.722
2022: 7.516
Lembrando que em 2017 quando chegou aqui somente 2.000 unidades foram vendidas na Argentina

No Brasil:
Saltou de 3.606 unidades do modelo antigo em 2016 para 8.656 unidades em 2022, com o melhor resultado de 11.824 unidades vendidas em 2021.

A Renault Alaskan, que é a Frontier com o logo Renault, também cresceu em vendas no mercado Argentino para onde é direcionada:
2020: 53 unidades (início das vendas)
2021: 3.920
2022: 4.392

No México, a nossa Frontier vendeu 41.824 unidades em 2022

Até o mês de Julho no Brasil, a Nissan acumula vendas de 4.624 unidades, já tendo deixado a Volkswagen Amarok para trás desde 2021, e concorrendo bem próximo com a Mitsubishi L200.

Portanto, o artigo brasileiro viaja numa suposição claramente longe da realidade, em cima de um artigo que passa longe de dizer que a Frontier seria descontinuada, divaga ainda sobre um modelo que absolutamente nada tem a ver com a nossa Frontier e de um mercado específico no exterior, e tenta assim chamar a atenção pelo impacto que a manchete poderia causar no mercado brasileiro. Ao final do artigo essa intenção fica bem clara quando o autor finaliza o texto com a pergunta: “Será que a Nissan Frontier sairá mesmo de linha lá fora? Você tem algum modelo da Nissan?”
Veja que há uma insistência em supor a descontinuação do modelo, mesmo tendo citado, sem qualquer base no artigo original citado, um modelo que não tem absolutamente nada a ver com o nosso. E, ainda vai mais longe ao perguntar ao leitor se ele “tem algum modelo da Nissan?”. Qual a intenção oculta dessa pergunta neste contexto bem distante da realidade?
Acho que nunca entenderemos o que move o “jornalismo automobilístico” brasileiro, que parece acompanhar alguns ventos que não conhecemos. Este jornalismo “imparcial” que não previu o fechamento das fábricas da Ford no Brasil, mas que enaltece o novo lançamento da Ranger mesmo ciente do fechamento de mais da metade das concessionárias da marca no Brasil, das dificuldades vividas pelo pós-vendas da marca e pela sua constante falta de peças. Este mesmo jornalismo que não previu a fuga da Ford, mas que já anunciou o encerramento das atividades da Nissan, da Renault, da Toyota, da General Motors e de outras marcas, tudo isso em menos de 3 anos.

O artigo é claramente e totalmente desconexo da nossa realidade ou da nossa Frontier. Infelizmente, pareceu uma fantasia sensacionalista tentando chamar a atenção para algo que, na realidade, não existe, e até o seu autor se perde em sua argumentação em razão da total falta de elementos que sustentem a sua ideia confusa e imaginária, que em certo momento ainda tenta criar um clima desfavorável com um modelo que sequer é o nosso.

Donos de Frontier podem dormir tranquilos e continuar usufruindo da picape mais moderna, mais tecnológica, mais confortável e mais segura do mercado brasileiro, produzida há 38 anos por uma marca que investe no Brasil e não o chuta como outras fizeram.
Não há razão para qualquer preocupação com a reportagem em questão.

 

Continuaremos trazendo informação correta e precisa em nosso site, pois não temos patrocínios, anunciantes e objetivos lucrativos aqui. Sempre teremos o cuidado de, ao criar um título para um artigo, de fazê-lo de forma responsável e sem sensacionalismo ou apelação, como neste caso, onde a pergunta que poderia vir a ser assustadora para o consumidor já é prontamente respondida no próprio título.

4 Comentários

  1. O site que publicou isso não pesquisa nada, apenas escolhe uma ou outra reportagem sem importância lá de fora, publica aqui com títulos chamativos e depois você descobre que não é nada daquilo que imaginava. Objetivo é só gerar visitações para ser remunerado, o leitor que se dane.

  2. Parabéns pelo esclarecimento.
    A reportagem do site em questão realmente tenta induzir o medo. Qual seria o interesse por trás dessa tentativa de prejudicar a marca?

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