E o tempo passou e a verdade apareceu. Quem fechou foi a Ford, que segundo o autor desta fake news não aconteceria.
A Nissan Renault vai fechar as suas fábricas no Brasil?
Nissan vai embora do Brasil?
Nissan vai fechar?
Confusão no mercado parte de uma reportagem descuidada da revista Veja e reproduzida de forma sensacionalista por outros sites.
Em uma infeliz entrevista à Revista Veja, o ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, sugeriu que a aliança Nissan/Renault “poderia” deixar o Brasil.
Para começar… quem é Carlos Ghosn?
Vamos entender a “revolta” desse ex-funcionário da Nissan.
Carlos Ghosn é um fugitivo da Justiça do Japão, procurado pela Interpol, com diversas acusações de sonegação de ganhos e uso indevido de recursos da empresa. Foi preso em em 2018 e libertado em 2019 sob fiança, voltando a ser preso em 2019 por sonegação e novamente libertado sob fiança, cumprindo posteriormente a pena em casa de onde fugiu enganando a Justiça do Japão.
Segundo a imprensa, ele teria se escondido dentro de uma caixa de instrumento de uma orquestra. Sua fuga se deu antes de seu julgamento. Seu paradeiro atual, segundo apurado, seria no Líbano.
A Nissan entrou na Justiça também, exigindo de Carlos uma indenização de 90 milhões de dólares, segundo informa: “O grupo japonês explica em um comunicado que a denúncia tem por objetivo recuperar uma “parte significativa” dos danos provocados por práticas corruptas de Ghosn durante anos de “conduta inapropriada e atividades fraudulentas”.” (https://g1.globo.com/carros/noticia/202 … ptas.ghtml)
Carlos Ghosn se diz vítima de um complô de outros diretores da Nissan para prejudicar a sua imagem. Mas o fato é que a sonegação foi confirmada pela Justiça, e no Japão isso é coisa séria.
Ele diz que havia uma resistência interna diante de sua intenção de fusão da Nissan com a Renault. Mas, a receita federal japonesa também não queria essa fusão? A promotoria que o acusou também não tinha interesse nessa fusão? Os Juízes do caso também não gostavam dessa ideia?
Porque ele fugiu da Justiça? Sabia que não haveria como se defender das acusações? Quem é inocente não foge, dizem.
Ele ainda se sente orgulhoso de sua fuga: “Os japoneses são muito bem organizados, mas muito previsíveis. Botei em prática um plano, que foi bem-sucedido”, diz. (https://www.cnnbrasil.com.br/business/2 … onspiracao) . Isso demonstra um pouco da personalidade e do caráter de Carlos, que estava preso em casa por razão de um acordo de confiança.
A embaixada do Japão respondeu com uma declaração da ex-ministra da justiça do país, afirmando que o brasileiro estava justificando a fuga do país ‘propagando informação falsa sobre o sistema de justiça japonês”. Hum… será que essa ex-ministra da justiça também era contra a fusão?
O Japão todo se juntou à uma conspiração para impedir a fusão de duas empresas?
Bem, enfim, foi esse homem que, numa recente entrevista à Veja, afirmou que:
“Os mais fracos vão sair do Brasil, o que sempre acontece em grandes crises. Dentre os mais fracos, cito a Aliança (entre Nissan e Renault), porque para competir no Brasil é preciso ter uma montadora forte” (https://veja.abril.com.br/blog/radar-ec … -o-brasil/)
Além de ter dito isso como uma mera especulação e obviamente com sentimentos de ódio conta a Nissan, ele ainda se mostra mal informado, já que ao final quem deixou o Brasil foi a Ford, então colocada em quarta posição dentre as 23 montadoras instaladas no Brasil.
Não bastasse isso, alguns sites de menor importância e de ideologias bem definidas replicaram a reportagem de forma distorcida, como é o caso da Click Petróleo e Gas, que fez uma reportagem com o seguinte título:
“Após a saída da Ford, Renault e Nissan caminham para interromper fabricaçao de veículos e fechar suas fábricas no Brasil”
Além do erro de português, o site distorce a reportagem colocando uma possibilidade ventada por Ghosn como algo que já está em andamento, ao usar a expressão “caminham”.
Mas, na reportagem o site se contradiz ao afirmar a base de sua informação: “segundo a informação passada pelo Carlos Ghosn, as multinacionais Renault e Nissan podem fechar suas fábricas no Brasil e indústria automotiva pode entrar em colapso no país.”
Qualquer montadora pode deixar o país. Mercedes-Benz e Ford já o fizeram. Mas o fato é que de que 3 montadoras que tivemos no passado, hoje temos 23 montadoras e outras montando fábricas aqui, o que denota o exagero. Como é tão ruim tem montadora no Brasil, não?
Qual seria a intenção deste site em distorcer a declaração com um título tão tendencioso, isso não vamos saber. Ou será que já temos uma ideia do porque?
Na mesma linha, o site Causa Operária, que tem como símbolo um martelo e uma foice, símbolos do comunismo, também se usou dessa suposição do ex-executivo da Nissan para criar uma matéria com o título: “Depois da Ford, Renault e Nissan podem fechar fábricas no Brasil”
E a chamada da matéria, bem típica, diz: “Depois de explorar os trabalhadores por décadas empresas podem estar se preparando para deixar o país, deixando milhares de mortos e desempregados.”
Não precisamos dizer mais nada, precisamos?
O fato é que um ex-executivo da Nissan, fugitivo da Justiça, denunciado por ela por vários crimes praticados, caçado pela Interpol e com óbvia bronca contra a empresa, fez uma declaração dizendo que a Nissan/Renault “poderiam” sair do Brasil, e politicamente alguns sites distorcem isso sugerindo que isso já está ocorrendo.
Mas, a Nissan informou à Veja que que está comprometida com o Brasil. A montadora japonesa fez questão de citar o lançamento do novo Kicks como exemplo de seu planejamento na região enquanto a Renault relembrou o recente anúncio de que investirá R$ 1,1 bilhão para lançar cinco novos produtos neste semestre, entre renovação de modelos e a introdução de um inédito motor turbo.
O site Autoo, mais cautelosamente, informa que: “A afirmação de Ghosn, é claro, tem de ser vista com reservas afinal ele está num longo litígio com a ex-empresa” (https://www.autoo.com.br/para-carlos-gh … do-brasil/) , colocando sua reportagem no campo dos fatos e não de ideologias suspeitas.
Lamentavelmente, uma reportagem feita com um foragido da Justiça acabou por ser interpretado de formas mais convenientes aos interesses de quem quer criar uma fofoca política ou comercial por suas diversas razões ideológicas e políticas.
Situação da Nissan no Brasil:
Acumulado em 2021 segundo os índices da Fenabrave atualizados em Abril de 2021.
A Nissan está na 9ª posição de vendas de automóveis , num total de 23 montadoras.
Ela está a frente de Ford, Chery, Peugeot, Citroen, Mitsubishi, Kia, etc…
Em utilitários leves, a Nissan ocupa a 7ª posição, na frente de Mitsubishi, Volkswagen, Peugeot, Hyundai, Iveco, Citroen, Mercedes-Benz, etc…
Ou seja, se realmente a previsão do ex-executivo foragido fosse coerente, 14 empresas fechariam antes da Nissan. Vamos lembrar que a Nissan ainda é nova no mercado pelos padrões da indústria, e que ao longo dos anos tem crescido em participação. Por outro lado, a Ford na 4ª posição com 100 anos de mercado fechou, o que contradiz com o que o entrevistado afirma.
A situação da Frontier é ainda mais interessante, com um crescimento de quase 500% nos últimos anos com o lançamento do novo modelo aqui em 2017. Ela passou a Amarok e a L200 no acumulado deste ano e vem mantendo uma posição sólida de vendas (948 unidades emplacadas somente neste mês de Março). Lembrando ainda que, por suas características próprias, a Frontier só é oferecida na versão diesel, sempre com tração 4×4 e somente com cabine dupla, o que, naturalmente, define um segmento mais específico e limitado de atuação.
Sim, a Frontier vai muito bem no Brasil e só não vende mais por conta da atual pandemia da Covid 19, que tem dificultado a produção, disponibilidade de matéria-prima e os processos de importação, já que ela é fabricada na Argentina.
As revendas informam que os pedidos já ultrapassam 1.200 unidades por mês, mas há dificuldade hoje em atender essa demanda.
Atualmente ela é a mais vendida no mercado de São Paulo, maior mercado do país e que tradicionalmente “puxa” as demais regiões, além de dominar outras cidades e capitais importantes do país como Rio de Janeiro, Campinas, Ribeirão Preto, Pelotas, Cascavel, Uberaba, Criciúma, Vitória, Maringá, Jundiaí, etc…
Atualização:
Agora uma reportagem do UOL contesta a declaração do criminosos foragido e apresenta uma realidade bem parecida com a que você já tinha antecipado.
Renault e Nissan podem seguir exemplo da Ford e sair do Brasil? – 09/04/2021 – UOL Carros
Finalmente alguém teve o bom senso de avaliar a informação do criminoso foragido que deu essa informação, e não interpretar de forma sensacionalista o que sequer ele disse.
Agora, cá entre nós, essa reportagem ficou muito parecida com o artigo do Edu feito aqui semana antes, não ficou? Parabéns, Edu, você foi o primeiro a contestar a declaração e apresentar a realidade.
O pessoal aqui é fera
Um trecho da reportagem do UOL Carros:
“E tanto Renault quanto Nissan estão com planos: a primeira anunciou R$ 1,1 bilhão no País este ano e em 2022, para renovar cinco produtos e introduzir um motor turbo, ainda que neste momento importado, em seu portfólio. A segunda acabou de lançar o novo Kicks e tem um projeto de exportação para a região que pode alavancar o ritmo de sua fábrica em Resende (RJ).
Mais: no ano passado as duas, por meio da Aliança Renault Nissan Mitsubishi, anunciaram que produzirão carros em plataformas compartilhadas no País. Isso significa que sairão das linhas de Resende modelos Nissan e Renault, o mesmo acontecendo na fábrica em São José dos Pinhais (PR). Ao menos sete modelos, dois hatches, dois sedãs e três SUVs, estão nos planos.
Juntas as duas marcas venderam, no ano passado, 190 mil veículos, quase 10% do total de veículos leves negociados no mercado brasileiro. Só perderam, em volume, para General Motors, Volkswagen e Fiat, da Stellantis, três companhias consolidadas há mais de quarenta anos no País e que nas últimas décadas se revezaram no topo do mercado. São argumentos que contradizem as declarações de Ghosn, de que Nissan e Renault são fracos no mercado nacional.
A quarta montadora do País deixaria o mercado, mesmo com investimentos e planos futuros traçados? A Ford era a sexta e deixou. Vendeu, em 2020, 139 mil veículos, mais de 7% do total do mercado. Fez o mesmo com caminhões, segmento em que mantinha porcentual ainda maior de participação.”
Leia mais em: https://www.uol.com.br/carros/colunas/a … brasil.htm
Atualização:
Produção da Nissan no Brasil aumenta 57% em 2018
http://www.usinagem-brasil.com.br/13495 … 7-em-2018/
Mostra como a Nissan tem uma história forte de crescimento no Brasil, mesmo sendo uma empresa ainda considerada jovem.
Nissan do Brasil promove mudança no comando da empresa – 18.03.2021
https://carroesporteclube.com.br/2021/0 … a-empresa/
Mostra o quanto a Nissan pretende crescer em nosso mercado e da América latina.
” Segundo a marca, Airton Cousseau, que é baseado no Brasil, tem como objetivo posicionar a Nissan como uma das três principais marcas da região, além de continuar a consolidar o modelo de negócios. “
É bem possível que o anúncio recente de um investimento de mais de 1 Bilhão de Reais do grupo Nissan/Renault tenha a ver com esse objetivo.
E tem mais:
Esperado no Brasil, Nissan Magnite supera 50 mil pedidos na Índia
https://motor1.uol.com.br/news/502282/n … l-pedidos/
” No Brasil, o lançamento é aguardado para 2022, com produção local e posicionamento abaixo do Kicks, ocupando o lugar do finado March. Na prática, deverá enfrentar rivais como Honda WR-V, Volkswagen Nivus, Citroën C3 Sporty e o futuro SUV da Fiat desenvolvido com base no Argo. “
Parece que o tal Carlos Ghosn está errando feio…
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