Como acertar a quantidade de aditivo para veículos movidos a diesel S10?

Há um grande equívoco tomando conta da questão da quantidade de aditivo a ser usado no diesel S10. Saiba como isso deve ser feito corretamente.

aditivo para diesel s10 como usar

Quem tem veículos a diesel S10 anda hoje muito preocupado com o aumento da proporção de biodiesel na mistura. É uma vergonha o que estão fazendo, de forma irresponsável e sem qualquer orientação ao consumidor, e sabemos que essa proporção pode ser muito prejudicial aos motores.
Existe muita informação sobre essa situação disponível na internet, então não vamos perder tempo aqui com as razões e os efeitos dessa decisão.
O fato é que, para amenizar as consequências danosas dessa mistura prejudicial, o consumidor tem optado pelo uso de aditivos que possuem efeitos algicida, bactericida, detergente, antioxidante, anticorrosivo, lubrificante, antiespumante, etc…
Até que ponto estes aditivos são benéficos, nós não podemos ainda dizer. Mas, na dúvida, por precaução, e pecando talvez pelo exagero, o fato é que este produto pode ser um aliado para evitar entupimentos do sistema de alimentação do carro, criação de bactérias e fungos e de surgimento de borras que podem causar danos às bombas, válvulas e outros componentes, além de outros problemas que somente o tempo vai expor. Já temos relatos de veículos sofrendo com a mistura como está hoje, o que tende a piorar com o aumento gradual do biodiesel como está previsto.

O que queremos abordar aqui é uma questão que temos observado e que tem causado muita confusão.
“Especialistas”, “blogueiros”, curiosos que criam sites aos montes, e muita gente incompetente têm produzido material que deveria ser informativo e de ajuda ao consumidor, mas que na verdade contém erros conceituais graves. Um destes erros está na quantidade de aditivo que deve ser colocado no tanque quando do abastecimento de veículo. São vergonhosas, ridículas, absurdas e patéticas as apresentações que tenho visto. Até hoje não vi uma orientação que abordasse a questão da forma correta.

Muitos “entendidos” (todos que vi até agora) costumam esclarecer a questão da quantidade de aditivo a ser adicionada ao combustível, de uma forma semelhante à essa que usarei como exemplo.
Eles dizem que, ao abastecer o tanque de uma picape, por exemplo (que é mais o nosso objetivo aqui), deve-se considerar a proporção indicada pelo fabricante do produto. Assim, complementam dizendo que, uma caminhonete como a Frontier com um tanque de 73 litros de capacidade de diesel, ou outra com 80 litros, por exemplo, deve ter o aditivo aplicado da seguinte forma:
Usando como exemplo o Bardahl Max s10, bastante conhecido, oferecido numa latinha de 500ml com capacidade para tratar até 200 litros de diesel, de acordo com o fabricante, eles sugerem colocar meia lata no abastecimento de uma picape média, já que o tanque tem perto de 73 ou 80 litros, ou seja, a latinha poderia ser usada duas vezes. Essa quantidade está acima daquela recomendada pelo fabricante do aditivo, mas eles dizem que um pouco a mais não fará muita diferença.
A primeira vista, o comentário até convence, mas ele carrega um erro conceitual bastante sério.

Pegue uma Nissan Frontier como exemplo, onde a capacidade do tanque de combustível é de 73 litros.
É óbvio que você não vai abastecer o tanque depois que o combustível acabar e o carro parar, pelo menos esse não é um comportamento muito “normal”.
Eu, por exemplo, posso até esperar o nível de combustível chegar na reserva, não mais do que isso. Mas, normalmente, eu abasteço com pouco menos de 1/4 de tanque. Mas, mesmo que você prefira abastecer na reserva, saiba que a reserva da Frontier tem ainda em média 12 litros de combustível (ou até mais pelos testes que eu já fiz). Ou seja, você vai conseguir colocar em torno de 61 litros no tanque, e não os 73 como dizem os “entendidos” no assunto.
Aí alguém pode dizer… “Mas de qualquer forma eu enchi o tanque”. E aí entra a burrice do que o pessoal anda ensinando.  Você, na verdade, “encheu” um tanque vazio ou o completou? Tem uma diferença conceitual aqui, por mais que exista alguma similaridade de expressão.
Lembre-se que se você aditiva regularmente o combustível do tanque a cada abastecimento, o combustível restante que está no tanque quando for completá-lo já está com a concentração necessária de aditivo, ou seja, esse restante já está tratado e não precisa receber mais aditivo. Desta forma, na verdade, você só precisa aditivar de fato o que você vai colocar, ou seja, no exemplo citado, apenas 61 litros.

Qual o efeito prático disso?
Se a latinha trata até 200 litros, você poderia abastecer até 3 vezes quando completasse o tanque, e ainda sobraria até um pouco de aditivo. O que você pode fazer nessa condição então? Simples, colocar 1/3 da latinha!! Você vai economizar com isso, já que o aditivo não é tão barato, sem desperdício. Se você usar um terço da lata em cada abastecimento, vai ainda colocar até um pouco mais do que precisa, e sem exagero como antes. Ou seja, com essa economia, você ganharia um abastecimento aditivado a cada dois que pagasse.
Isso vale para tanques de 80 litros também, se você for completar. O cálculo é similar.
A conta que esses malucos estão fazendo é: o tanque tem 80 litros, então pode colocar meia latinha. Isso está errado. Estão te ensinando a desperdiçar produto e a gastar mais. Além disso, já foi demonstrado que o excesso de aditivo também pode ser prejudicial.
Não vi até hoje ninguém explicar isso dessa forma. Se alguém viu, pode até compartilhar aqui conosco. Mas eu já vi vários artigos e vídeos, até de canais famosos, e sites conhecidos e supostamente “confiáveis” ensinando isso errado.

Lembre-se que há uma diferença entre encher um tanque vazio e completar um tanque, e se você aditiva o combustível regularmente, precisa aditivar somente o que será acrescentado no tanque. Comece a fazer certo daqui pra frente, porque estão todos ensinando isso errado pra você.
Comece a observar quanto você completa de combustível em seus abastecimentos, e ajuste a aditivação de forma mais adequada.

Este site não ganha nenhum pagamento de anunciantes ou patrocinadores. O fato de usarmos como exemplo o aditivo da Bardahl não significa que nós o recomendamos. Existem inúmeras opções no mercado, e eu não sei afirmar qual é a melhor opção. Então faça a sua escolha sem se influenciar pelo meu exemplo. No caso da Frontier, eu sei que a própria rede de concessionárias oferece um aditivo que foi testado e aprovado pelo fabricante, segundo dizem. Eu não vi o teste e não posso dizer nada, mas duvido que a Nissan aprovasse um produto ruim. O problema é que esse aditivo “original” é muito caro. Ouvi dizer que a Volkswagen recomenda um produto para a Amarok que também é de excelente qualidade, mas deve haver outros.
Além disso, nem Nissan, nem Volkswagem produzem aditivos, então certamente elas compram de alguém no mercado, que deve ter a sua linha própria de distribuição mais barata. Resta saber se a qualidade do produto oferecido no mercado é a mesma daquela oferecida às montadoras (ou “fabricantes”, como os chatos que não tem muito conteúdo a oferecer costumam agora polemizar).
Mas, vale a pena pesquisar e tentar identificar testes confiáveis. E sobre estes testes, eu gostaria de acrescentar outra observação.

Existe gente fazendo “testes” com aditivos para avaliar os seus desempenhos. Normalmente eles pegam alguns frascos e então colocam o diesel S10 “puro” (na verdade com biodiesel) em um frasco, o diesel com um aditivo em outro frasco, o diesel comum em outro (não sei por que pois esse diesel não nos interessa), e depois de alguns dias de armazenagem eles vão ver o que aconteceu. Estes critérios são ridículos, primeiro porque a função do aditivo não é só bactericida e algicida, ele também proporciona limpeza e age com outras funções como as já mencionadas aqui. Segundo que no uso real o combustível no tanque do carro alimenta um motor na maior parte do tempo muito quente, uma condição bem diferente da temperatura aplicada aos testes. Além disso, as garrafinhas tampadas não permitem a entrada de ar, o que pode influenciar muito no resultado, lembrando que no tanque há entrada de ar. Nem vou entrar na questão do tempo de armazenagem, da agitação do produto com o movimento do carro, do combustível já estar aditivado ou não, etc…
Não se trata assim de testes que possuam critérios que os aproximem do uso real na prática. Isso, por si só, já coloca em xeque a confiabilidade destes testes.

Já vi teste em que o sujeito colocou o aditivo em um recipiente com diesel S10 contendo um contaminante (aparentemente um óleo queimado qualquer) e mostrou como a sujeira “sumia na hora”. Na verdade é possível ver que o contaminante não some, ele apenas se afasta para as laterais do frasco, por conta de efeitos provavelmente relacionados à viscosidade e as tensões superficiais dos produtos. Além disso, essa sujeira normalmente está até carbonizada no motor, ou seja, em outro estado físico. O aditivo vai dissolver essa impregnação?
Estes “critérios” de testes estão errados. Eu ainda não conheci um teste confiável.
O mais próximo do ideal seria pegar dois carros novos, usar aditivo em um deles e não usar no outro, e depois de uns 50.000 km ou mais avaliar o que aconteceu com cada um.

Informação Complementar

Tenho percebido a dificuldade do consumidor, e até dos funcionários dos postos de abastecimento, de acertar a quantidade de aditivo no tanque.
No caso da embalagem da Bardahl, ela é feita de lata, e não possui um dosador ou uma área transparente para facilitar a colocação da quantidade correta. E, se levarmos em consideração o exposto aqui, acertar a quantidade de 1/3, o ideal para o nosso uso, seria uma missão bem difícil. Mas, tenho uma dica aqui para ajudar.

Nas lojas de embalagem é possível encontrar frascos de 100ml ou com capacidades próximas a essa, de boa qualidade e por preços muito baixos, como a mostrada abaixo. Você pode comprar uma latinha de aditivo, como o aqui citado, e ir colocando o seu conteúdo aos poucos em três frascos, já deixando eles prontos para uso na quantidade certa. Apenas, teste a embalagem por alguns dias para ver se ela vai suportar o aditivo. É bem provável que sim, porque muitos aditivos são vendidos em embalagens plásticas.

Aditivo para diesel S10

8 Comentários

  1. Correto! É isso mesmo. Tem muita gente falando bobagens e os fabricantes querem mais é que o consumidor gaste além do necessário para venderem mais.

  2. Uma questão importante, que gostaria de discutir:

    O aditivo vendido pela Nissan (feito pela Prime Bio) é ‘emulsificante’ ou seja, incorpora a possível água no diesel, e portanto queima a mesma nos bicos.

    O aditivo da Bardhal Max S10, é ‘demulsificante’, ou seja separa a possível água do diesel.

    Sendo assim, ambos tem comportamento oposto, seria o não Nissan prejudicial?

  3. Boa matéria! Como minha Frontier fica parada durante a semana, rodo mais nos fins de semana, acho muito importante o uso de aditivo. Eu faço exatamente como vc sugeriu no final, comprei 100 recipientes de 100ml e distribuo neles as latinhas de 500ml da Bardhal. Quando chego a aproximadamente 1/4 do tanque, abasteço 40L e coloco um recipiente de 100ml de aditivo. Isso em todos abastecimentos. Já quando faço viagens mais longas, com rotatividade rápida do diesel no tanque, não coloco aditivos até a ultima abastecida antes de voltar pra casa, quando encho o tanque de diesel e despejo 200ml de aditivo.

  4. Primeiro artigo inteligente que leio sobre o assunto, e ainda tem gente sugerindo aditivo para aumentar o desempenho de motor diesel.

  5. Muito bom o artigo. Eu sempre fiz exatamente como foi explicado. Se entra 50 litros, trato os 50 litros. Se entra 20 litros, trato somente 20 litros…
    Usava na minha Frontier SL 2014 o XP3 mas recentemente adquiri uma PRO4X 2023 e confesso que estou com medo de continuar usando… Algum proprietário pode me ajudar?

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*


Blue Captcha Image
Atualizar

*