Recall curioso para a nova Ranger

Um novo recall foi anunciado no último dia 18 para a nova Ranger, mas este chama a atenção por um detalhe curioso.

Novo recall curioso para a nova Ranger, novamente o problema do para-brisa.

para-brisa-ranger-trincado-recall

Mais um recall chega para a nova Ranger em meio a tantos outros recentes que já foram anunciados.
https://www.ford.com.br/servico-ao-cliente/recall/2025/ford-ranger-modelos-2025-2026-xlt-limited/
Este não surpreende pelo problema apontado, mas por um detalhe que me chamou bastante a atenção e que aparentemente a imprensa não percebeu.

O chamado feito em 18 de março de 2025 convoca os consumidores proprietários dos veículos Ford Ranger, modelos 2025 e 2026, versões XLT e Limited, com numeração de chassi e datas de produção informadas, para inspeção ou substituição , se necessária, do para-brisa, que pode apresentar uma pequena trinca na lâmina interna do lado do passageiro, próxima à região do retrovisor interno. Essa pequena trinca poderá se propagar e não atender aos limites previstos na legislação de segurança de vidros.

Até aqui nada de novidade, mais um entre tantos recalls que a Ranger tem sofrido.
Mas, observando com mais cuidado, podemos perceber algo curioso…

Já existiu um chamado pelo mesmo motivo, emitido em 18 de setembro de 2024, e apresentado como segue:
https://www.ford.com.br/servico-ao-cliente/recall/2024/ford-ranger-modelos-2024-e-2025-versoes-xlt-e-limited/

recall-ranger-18-setembro-2024

Este agora, novamente, pelo mesmo motivo, ou seja, devido a uma falha produtiva do para-brisa:

recall-ranger-18-marco-2025

Olhando mais atentamente, notamos que o problema já era de conhecimento da Ford lá em 18 de setembro do ano passado, quando ela emitiu o primeiro comunicado, mas é certo imaginar que ela soube do problema bem antes, até para investigar a sua causa, verificar os modelo atingidos, encontrar uma solução, disponibilizar a solução para as oficinas e comunicar publicamente o fato.
De qualquer forma, o chamado alcançava modelos fabricados até junho e julho de 2024.

Observem agora um detalhe curioso. O novo comunicado atinge modelos fabricados entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, ou seja, o tal componente defeituoso, já sabido pela fabricante, continuou sendo instalado nos demais modelos que foram fabricados depois que ela tomou conhecimento da existência do problema?
Isto é no mínimo curioso.

Tal fato me faz imaginar que, ou a Ford continuou instalando o componente defeituoso para não deixar de vender os seus carros, deixando o problema para o comprador resolver depois com todos os transtornos inerentes de um recall (e os riscos que o problema poderia causar já que envolve segurança), ou o mesmo defeito voltou para a linha de produção por uma falha do controle de qualidade em receber outro lote com o mesmo defeito. De qualquer forma, as duas situações são bem “estranhas”.

Também me chama a atenção o intervalo preciso de 6 (seis) meses entre os dois recalls. Coincidência?

De qualquer forma, a Ford deveria ser mais cuidadosa nestas ocorrências para evitar a reincidência do problema. Para uma empresa que quer reconquistar a confiança do consumidor brasileiro depois de ter fechado as suas fábricas no Brasil, todo cuidado no respeito ao consumidor é importante agora.

Fica a dica para quem tem uma nova Ranger ficar bem atento a trincas no para-brisa, e que não aceite tão facilmente a justificativa de “mau uso” ou uma pedra que atingiu a peça. Confirme a causa.

Ranger Raptor com para-brisa trincado

(há ainda um novo recall na data de hoje, este para a picape Maverick modelos 2022 a 2024, para refazer uma correção já feita em campanha anterior pelo mesmo motivo, que pode não ter corrigido o problema totalmente)

Atualização em 25.03.2025

Recebi diversas manifestações sobre este artigo, e agradeço o interesse e o acompanhamento do tema.

Alguns leitores sugeriram que o ressurgimento do problema aqui abordado poderia ter sido a falta de componentes novos ou corrigidos para a produção das novas unidades, o que justificaria o seu ressurgimento.
Bem, este é justamente o ponto que tentei refletir aqui.
Se esta teoria for válida, então teremos o fato de que o fabricante produziu veículos com vício de fabricação, e de forma consciente. Isso seria algo aceitável?
Seria uma coisa normal um fabricante produzir um produto ciente de que o mesmo possui um componente defeituoso que, em certas situações, oferece um risco grave aos seus usuários? Seria algo admissível transferir ao consumidor a obrigação de buscar o reparo quando o problema se manifestasse?
E se esse argumento realmente procede, então o primeiro recall realizado também teria sido realizado com a instalação de peças ainda defeituosas, e não com a solução definitiva do problema?
Entendo que mesmo esse argumento não seria admissível dadas as circunstâncias já apresentadas.

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